Vejam esse post da Laurinha:
http://lmbarbosa.blogspot.com/2010/01/se-identifica.html
E no título ela pergunta: "Se identifica?". Que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso! Haverá aquelas que se identificarão, aquelas que não, aquelas que tem certeza que o trecho foi escrito pensando nelas (eu inclusa, confesso). E a autora tem razão: é uma história de amor baseada na obsessão. Antes de mais nada, na obsessão. A gente jura de-pé-junto-por-tudo-que-é-mais-sagrado que é o maior amor da sua vida. Até terminar, enfim, assim: um caco. E vamos e venhamos, cacos não amam.
Mais ou menos, qualquer mulher que já passou por uma situação similar chegou a se perguntar: pq esse sofrimento? pq isso na minha vida? pq eu preciso disso? Pq, pq, pq, mas esses pq afinal realmente tem resposta? Há alguma finalidade nessas coisas na nossa vida? Como se elas fossem postas na nossa vida pra gnt aprender algo. Não só esse sofrimento, qq sofrimento. O que me fez pensar num vídeo e numa música.
O vídeo nos dizia o seguinte: o ser humano precisa de significado, ele busca significado em basicamente tudo. O que será que isso quer dizer? Qual o significado oculto que carrega? E a resposta a isso foi dada há uns 4000 anos, pelos gregos: o significado disso é nenhum. A vida não possui significado algum. A existência não tem sentido. Quem tece nosso destino são um olho e três velhas sem olhos, corcundas, feias, decréptas, e quase cegas. O fato de o meu destino ser um tecido, feito por uma velha que não enxerga bem, provavelmente põe por terra qq esperança que eu tinha de a minha vida ter algum sentido maior do que a mediocre existência.
Como fica então o sofrimento? Não fica, ele, tal qual a nossa vida, não tem sentido. É tão casual como o fato de termos nascido. Então pq a gnt não se mata de uma vez? Essa é uma opção, também. A outra, os mesmo gregos nos deram: diante desse nada com o qual nos deparamos, será memorável, heróico, inspirador, aquele que souber tirar, da adversidade, coragem para seguir em frente. O herói grego era, dentre outras coisas, aquele capaz de inspirar os demais a continuar vivendo.
Para mim, que já me sinto meio macaca velha em decepções amorosas, não as considero um motivo para afundar em amargura, rancor, tristeza, morte. Acho que há outras coisas que nos levam a isso. Obvio que há aqueles que pensam ao contrário de mim, e não os desprezo por isso. Se fosse eles, buscaria num herói grande e reluzente minha inspiração à vida. Como não sou, achei numa música, não um herói, mas uma mensagem, uma forma de olhar e enterrar de uma vez por todas todo esse sentimento, essa tristeza, esse aviltamento do nosso corpo, da nossa pessoa, e até da nossa alma. E vejam só, que feliz coincidencia: uma música de carnaval. Se não fosse em homenagem à Portela, seria melhor ainda. Espero que minha querida Mangueira não se sinta menos querida por isso!
FOI UM RIO QUE PASSOU
Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração
Tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar...
Porém! Ai porém!
Há um caso diferente
Que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de Carnaval
Carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém
Que não me lembro anunciou
Portela, Portela (Mangueira, Mangueira...)
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou...
Ah! Minha Portela! (Mangueira...)
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
Minha alegria voltar
Não posso definir
Aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar
Foi um rio
Que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar (!!!)